sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pixaram o muro de uma escola ...






Pixaram as paredes com letras garrafais na imensidão de um muro negro onde agora podia ler-se: "Eu amo você", como puderam píxar o muro da escola? Pixaram em letras cor de sangue, letras trêmulas e a tinta ainda estava fresca, escorria. Pixaram o muro pela manhã e o muro agora parecia sangrar. Pixaram o muro pouco antes do zelador chegar e ele pode ouvir passos de alguém que corria velosmente ou seriam mais pessoas? O zelador sonolento como estava só pode dizer: -pixaram, pixaram!
Sangraram o muro negro.Feriram o diretor com tais palavras, ele não sabia amar. Iludiram meninas que por ali passavam suspirango, agora.Ofenderam os meninos até então certos do domínio. Escandalizaram mães que criaram sermões intermináveis de onde o mundo iria parar.Chocaram enfim, a todos, e de todos ninguém sabe pra quem foi gritado em letras o: "Eu amo você."
Pixaram, rasgaram, feriram, gravaram, sangraram, um muro, um muro negro, com letras incertas. Correram para longe do muro que sangrava. Pixaram o muro e muitos leram o que lá foi escrito e muitos desejaram tais palavras, mas aquelas palavras a nenhum deles foram ditas.


'' ..Me alimento de vento. E desmaio, jogada ao relento.
Tento, tanto, levanto.
Levanto e me espanto.
Sumiu a parede que me servia de apoio.
Eu bem a deixei por aquele canto... ''

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